quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A morte ao vivo




Enfermaria, segundo o dicionário Aurélio, é substantivo feminino originado da junção dos termos “enfermo” e “ária”, que designa edificação destinada ao tratamento de enfermos, dependência hospitalar em que se internam doentes, ou não hospitalar - como colégio ou fábrica – para atendimento médico de urgência ou transitório; casa onde se recolhem animais para serem tratados. Começamos assim para vislumbrar por onde esta coluna pode ir ou quem ela pode receber.


Nesta primeira “triagem”, falemos um pouco do ser humano contemporâneo. Não, não é uma tarefa fácil. Mas o objetivo aqui não é encerrar questões ou trazer explicações óbvias, que muitas vezes são equivocadas e servem mais para o narcisismo de quem escreve. Muito bem. Más notícias: Dom Quixote me disse: nossos filhos estão se matando. Bem, se isso não trouxesse alguma audiência para a mídia o nosso “Lafayete” o “Lindenbergue” passaria anônimo. A diferença entre este e os outros crimes dos adolescentes: durou cinco dias, deu Ibope.
A nossa adolescência atravessa uma de suas piores crises: drogas, violência, morte, desencontros familiares, falta de perspectiva: Dom Quixotes. “Mato, logo existo”. A falência da figura paterna se petrifica e petrifica os adolescentes. Semana que vem quem será o refém? Só saberemos se for algo da ordem do espetáculo. Enquanto isso, quantos adolescentes morreram pelo uso do crack? Quantos mataram outros tantos?
E temos os pré-adolescentes: notícias boas? Não creio. Alguém diz por aí que se os pais não cuidam a Ritalina dá um jeito! Ou parece dar. Se as crianças estão melhorando, não sei, mas os “cuidadores” adeptos desta prática “normatizadora” parecem ter mais tempo para suas drogas lícitas.
O objetivo aqui, nestas poucas linhas, não é trazer a tona somente as esquinas obtusas que alçam nossas pernas, mas, num primeiro momento, chamar a atenção. Esperamos demarcar um espaço para discussão, questionamentos e quantos desdobramentos vierem a ser possíveis para que possamos tratar com um pouco mais de atenção do incêndio que começa a nossas costas. Talvez chamar a atenção para a intimidade emocional que perdemos com nossos filhos. Um tênis de alguns euros não irá resolver muito.
Um pouco das escolas: vivemos num modelo de educação falido. Por um lado, nas escolas particulares, os professores se esforçam para atender seus “clientes”, enquanto que, na escola pública, os professores tratam de fugir das balas perdidas. Ou nem tão perdidas assim. Evidente que existem modelos que merecem nossa atenção como aquele que vêm se desenvolvendo nas escolas nas cidades de Salvador e Esteio. Mas, num panorama geral, nos aventuramos surdos por uma crise sem precedentes. O Estado se mostra débil diante de tudo, mas há quem diga que “na história deste país nunca se deu tanta bolsa família. Nostalgia não. Mas Getúlio Vargas está vivo.