sexta-feira, 10 de julho de 2009





AS CRIANÇAS E AS MEDICAÇÕES:
RITALINA OU RITA LEE?

Não trazemos aqui nenhuma novidade ao falar que cada vez mais que professores, orientadores pedagógicos e pais têm “aceitado” que as crianças que demonstram comportamento agitado, desatento devem receber alguma medicação psiquiátrica para “normatizar” este comportamento. Problemas como estes se apresentam de maneira muito comum, tanto a agitação das crianças como o imediatismo da não-reflexão sobre o sintoma ou dessa manifestação infantil e a suposta urgente medicação. Mas especificamente falamos daquilo que com o surgimento do DSM-III e classificou-se como TDAH, o chamado Transtorno do Déficit de Atenção por Hiperatividade. De maneira crítica o Psiquiatra Durval M. Nogueira Filho² pontua que as manifestações infantis, são hoje, perigosamente defendidas pela literatura biologiscista “A visão biologiscista, segundo a qual o usuário desse sistema é descaracterizado do seu contexto histórico, social e cultural, não tem respondido às reais necessidades para suas condições de vida e saúde” Trata-se este tipo de sintomatologia, além de uma grande dramatização, com o imediato uso de metilfenidato ( uma metanfetamina comumente e comercialmente conhecida como Ritalina) como se falássemos de função cerebral defeituosa. Dentro deste paradigma (ou sintoma social?) cegam-se as reais possibilidades e necessidades de entender, escutar um “Hiperativo” negando a ele uma condição mais humana saudável, contextualizado este indivíduo dentro de seu contexto histórico, social e familiar para apenas torná-lo um dependente químico e abortar suas possibilidades pela tarja diagnóstica que há de se levar para toda sua vida.
Segundo Steven Rose, neurocientista questiona de sua insuspeitada condição se esta seria mesmo, uma abordagem médico-psiquiátrica adequada a uma condição inequivocadamente patológica ou se ela seria um mero paliativo, com o objetivo de evitar algumas questões ou personagens deste conto “hiperativo”: A escola e seus desdobramentos e problemáticas; os pais e o contexto histórico social.
Fica claro a partir de um questionamento de um neurologista que há uma denúncia: estaria havendo um deslocamento de responsabilidades, da estrutura familiar, social e escolar, desvelando a possibilidade da falha da família e da escola que se ocultam por trás do cérebro “defeituoso”.
O intuito aqui não é encerrar a bioquímica ou conclamar um tribunal de júri, mas antes disso, e, bem menos isso conclamar os “imediatos” a uma reflexão que não se finda de uma maneira tão prática e ineficaz. Há por trás disso uma condição uma humana, possibilidades desta condição, capacidade de criação, a necessidade da reflexão a lembrança da liberdade e de suas expressões humanas, e indo uma pouco adiante, a vida humana com suas tristezas e alegrias não se sustenta somente em uma concepção biológica somente.
Mesmo apesar de todos alertas que são feitos esta “práxis-ritalina” (ver meu texto “medicalização” www.fabioulrich.com”) tem se tornado (um tornado) cada vez mais comum abortando e banalizando a condição humana.