sexta-feira, 24 de abril de 2009

Estados Depressivos




Estados Depressivos.

Sem sombra de dúvida, podemos afirmar que na atualidade, que os quadros clínicos de depressão vêm mostrando significativo crescimento na prática analítica. No entanto devemos ressaltar alguns fatos bem importantes sobre os tratamentos, tipos de estados depressivos e equívocos decorrentes de atendimentos precipitados. Para tal justificativa vou me amparar em dados estatísticos para balizar de maneira séria e honesta alguns dados que trago a seguir.
1.Entre as dez mais importantes doenças incapacitante de indivíduos, cinco são emocionais, dentre elas a depressão: é a primeira delas.
2. 50% (cerca de) de médicos não psiquiatras ou psicanalistas não diagnosticam ou se o fazem cometem equívocos importantes e prejudiciais usando benzodiazepínicos ou antidepressivos em dosagens erradas.
3.O números de estados depressivos está aumentando.
David Zimerman psiquiatra e psicanalista afirma: “virtualmente, em todos os quadros de patologia mental existe subjacente, alguma forma de estado depressivo”
4. É grande o número de “depressões subclínicas”, melhor dizendo estados depressivos que não se mostram ou se manifestam de forma evidente e sim por traços inaparentes, como por um estado de continuada apatia, ou vir a se revelar por hipocondria, alcoolismo, transtornos alimentares, etc. Segundo Zimerman podemos classificar:

Tipos:
a) Atípica: mais conhecida com os nomes de “depressão neurótica” ou “depressão reativa”. Seu perfil é único e resulta de alguma forma de crise existencial, por razões predominantemente internas ou externas. Habitualmente não respondem bem à medicação.
b) Endógena: resulta de causas orgânicas e manifesta-se com sintomatologia mais típica, adquirindo características “unipolares” (os sintomas são unicamente depressivos) ou “bipolares” (os sintomas tanto podem ser da esfera depressiva ou, em um pólo oposto, de natureza “maníaca”). Apesar de serem endógenas, comumente elas podem ser desencadeadas por fatores ambientais, se assemelhado qualitativamente à depressão atípica. Costuma responder bastante bem à moderna medicação antidepressiva, quando adequadamente ministrada e, principalmente, quando acompanhada de alguma forma de terapia de base analítica.
c) Distímica: esta denominação corresponde à depressão que comumente é de chamadas de “crônica”.

Principais Causas da Depressão
A) Depressão anaclítica: resulta de um primitivo “vazio de mãe”.
B) Identificação com o objeto perdido: corresponde ao clássico aforismo de Freud – “a sombra do objeto recai sobre o ego” - , com um luto mal-elaborado desse objeto, de maneira que propicia a instalação de quadros “melancólicos”.
d) Depressão por perdas; tanto de objetos importantes – especialmente quando foram perdas prematuras, traumáticas e significativas – como também de partes do ego, tal como acontece nas “depressões involutivas”, quando o sujeito que está entrando em idade mais avançada sente estar perdendo o vigor físico, a concentração, a memória, etc.
e) Depressão por culpas; neste caso, a depressão é determinada pela ação punitiva de um superego tirânico, aquilo que também chamamos de uma autocrítica punitiva.
f) Identificações patógenas: em especial aquelas que, particularmente, tenho proposto a denominação de “identificação com a vítima”.
g) Ruptura com os papéis designados: a depressão provém da ação de um “ego ideal” – que obriga o sujeito a corresponder os inalcançáveis ideais que o seu narcisismo original exige – bem como de um “ideal de Ego”, que resulta das expectativas grandiosas que os pais e o ambiente circundante depositaram no sujeito, desde bebezinho, atribuindo-lhe papéis que ele deverá executar pelo resto da vida, caso contrário, despertam nele uma sensação de traição, vergonha e humilhação.
h) Depressão decorrente do fracasso narcisista: Muito freqüente; estado decorrente de algum tipo de fracasso que o sujeito fortemente fixado naquilo que chamamos de “posição narcisista”, sofre diante de enormes demandas de obtenção de êxitos sucessivos, como dinheiro, poder, prestígio.
i) Pseudodepressões: Como no tipo de pessoa que atravessa uma vida inteira aparentando desvalia e pobreza que não correspondem a sua realidade. Comporta-se desta maneira por motivos como: medo de atrair a inveja retaliadora; medo de provocar tristeza naqueles que o invejarem; medo de se tornar a partir do olhar do outro uma fonte inesgotável de provimento e satisfação de necessidades; uma forma de parecer ser um sofredor, que para ele representaria um merecimento do amor do outro.

Sobre o tratamento:

Em todas as situações descritas e motivos de estados depressivos, cabe lembrar que não são necessariamente situações ou motivos estanques, rígidos, ou únicos. O sujeito pode apresentar motivos em algumas situações concomitantes. A Indicação para tanto é a psicoterapia e não cabe também discutir a eficácia dos antidepressivos. Mas chamamos a atenção para o uso indiscriminado e uso equivocado dos benzodiazepínicos, aquilo que chamamos de “medicalização” . Evidente que o uso de antidepressivos é importante e não exclui a psicoterapia. Consenso é em casos mais graves e importantes o uso combinado e adequado da psicoterapia e dos antidepressivos. Lembrando dados estatísticos do FDA dos Estados Unidos: entre 100 suicidas nos deste país, 80 usavam somente antidepressivos (dados de 2007).

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